What's wrong with my tongue/ These words keep slipping away/ I stutter I stumble/ Like I've got nothing to say/ I'm feeling nervous/ Trying to be so perfect (Avril Lavigne)

Thursday, March 30, 2006

Teatro

A Gaivota, Anton Tchekov

Estreou hoje, no Teatro da Cornucópia, A Gaivota de Anton Tchekov.
Senti-me na obrigação de publicitar uma peça de teatro que, com certeza, irei ver o mais rapido possivel. Não só por uma certa curiosidade e para me voltar a sentir em casa, mas também por ter gostado tanto da última peça que puseram em cena neste teatro, "Sangue no Pescoço do Gato" de Rainer Werner Fassbinder. Aconselho qualquer um a ir ver esta peça onde a ficçaõ e a realidade não têm limites bem definidos e onde as personagens se assemelham demasiado com os seres humanos... mas não é suposto ser esse o objectivo do teatro? Que as personagens se assemelhem a nós?

Tradução: Fiama Hasse Pais Brandão
Encenação: Luis Miguel Cintra
Cenário e figurinos: Cristina Reis
Desenho de luz: Daniel Worm d'Assumpção
Distribuição: Dinis Gomes, Duarte Guimarães, Luis Lima Barreto, Luis Miguel Cintra, José Manuel Mendes, Manuel Romano, Márcia Breia, Ricardo Aibéo, Rita Durão, Rita Loureiro, Tânia Trigueiros, Teresa Sobral, Tiago Matias.

Teatro do Bairro Alto, Lisboa
De 30 de Março a 7 de Maio de 2006
De 3ª a sábado às 21:00
domingo às 16:00


* para vos provocar maior curiosidade em ir ver a peça, vão ao blog do Filipe =) (A Dream Play) nos meus links e leiam o texto que Luís Miguel Cintra escreveu acerca da peça que ele próprio encenou... vão gostar...

E vão visitar o site www.teatro-cornucopia.pt


Estreias

Semana de 30 de Março a 5 de Abril




A IDADE DO GELO 2: DESCONGELADOS
Ice Age: The Meltdown
de Carlos Saldanha
com Ray Romano e John Leguizamo

A Idade do Gelo chegou ao fim e os animais estão deliciados com o seu novo mundo - um paraíso descongelado, cheio de parques de água, géisers e poços... Mas quando, Manny o mamute, Sid a preguiça e Diego o tigre, descobrem que as milhas de gelo derretido poderão inundar o seu vale, eles têm de avisar os outros animais seus companheiros, e de alguma maneira encontrar um caminho para escaparem ao dilúvio que se aproxima. [ www.7arte.net ]
Mais aventuras destas personagens tão engraçadas. de certeza um filme a não perder se se quiserem divertir um bocado!!!




BREAKFAST ON PLUTO
Breakfast On Pluto
de Neil Jordan
com Cillian Murphy e Liam Neeson

Com a acção situada em Londres dos anos 70, este filme dá-nos a conhecer a vida de Kitten e a sua busca incessante do amor e da verdadeira mãe, enquanto que, perdido, se vai envolvendo nos meandros da música, do ilusionismo, da prostituição e até do IRA. [ www.7arte.net ]
Cillian Murphy num papel incómodo mas muito verdadeiro, uma interpretação brutal, vale a pena ver!!!




O TIGRE E A NEVE
La Tigre e la Neve
de Roberto Benigni
com Roberto Benigni e Jean Reno

2003. A guerra no Iraque torna-se cada vez mais ameaçadora. Em Roma, Attilio, poeta, está apaixonado por Vittoria e todas as noites sonha com o casamento de ambos. Mas Vittoria não mostra interesse por ele... Um dia Attilio recebe uma chamada de um grande poeta iraquiano, cuja biografia Vittoria está a escrever em Bagdad: Vittoria foi vítima de um dos bombardeamentos anglo-americanos na cidade e está moribunda no hospital. Animado pelo seu amor louco e a fim de salvar a sua amada Attilio parte para o Iraque... [ www.7arte.net ]
Mais uma comédia com uma série de mensagens subtis nas entrelinhas tal como em "A Vida é Bela". A não perder!

Friday, March 24, 2006

Estreias

Semana de 23 a 29 de Março de 2006




CASANOVA
Casanova, de Lasse Hallström
com Heath Ledger e Sienna Miller

Ele foi o mais notável sedutor do Mundo. Espadachim, mestre do disfarce e muito talentoso, era sabido que nenhuma mulher conseguia resistir ao infalível charme de Casanova. Até agora. Pela primeira vez na vida, Casanova está prestes a encontrar o seu par, a mais bela e fascinante veneziana, Francesca, que fez a única coisa que ele nunca pensou ser possível: Recusou-o. [ www.7arte.net ]




V DE VINGANÇA
V for Vendetta, de James McTeigue
com Natalie Portman e Hugo Weaving

Passado numa Londres totalitária do futuro, este filme conta a história de Evey, uma jovem que é salva de uma situação de vida ou morte por um vigilante mascarado conhecido apenas por 'V'. V dá início a uma revolução quando detona dois marcos da cidade de Londres e toma o controlo das ondas de rádio, urgindo os seus concidadãos a rebelarem-se contra a tirania e a opressão... [ www.7arte.net ]


(* para saberem mais procurem no site =)

Thursday, March 23, 2006

Crítica

Sophie Scholl - Die Letzten Tage, Marc Rothemund (2005)



Numa acção de distribuição de panfletos contra a ditadura nazi em Fevereiro de 1943, a jovem estudante Sophie Scholl é presa na Universidade de Munique, junto com o irmão Hans. Os interrogatórios da Gestapo tornam-se verdadeiros duelos psicológicos entre a lutadora da resistência e o funcionário nazi. Sophie confessa, defendendo com a sua confissão os outros membros da organização Weisse Rose (Rosa Branca). Ela não abdica das suas convicções mesmo quando lhe é dada a possibilidade de, com isso, salvar a sua vida ...

Um filme que critica todo o processo de captura e interrogatórios perpetrados pela Gestapo, a polícia política do governo nazi, e a própria Justiça que se aplicava naqueles tempos. Sophie Magdalena Scholl (Julia Jentsch) é uma estudante universitária que juntamente com o seu irmão Hans Scholl (Fabian Hinrichs) são apanhados numa universidade a espalhar panfletos a criticar a ditadura nazi. De seguida todo o filme é visto da parte de Sophie. Todo o interrogatório feito por um inspector da Gestapo, que é sem dúvida aquilo que ocupa a maior parte do filme, os cerca de quatro dias, se não estou enganada, em que lhe são feitas variadas perguntas e quase lhe é feita uma lavagem ao cérebro na qual ela nunca cai. Ela é uma rapariga resistente, determinada, que não se deixa enganar e com as suas próprias ideias, de tal maneira que ela consegue “dobrar” o inspector com o seu fantástico poder de argumentação . O inspector começa a sentir alguma consideração por ela e pede-lhe para que ela acuse quem estava ligado àquela organização de forma a conseguir uma pena menor, mas ela continua sempre a acusar-se a ela própria e a proteger os outros da organização Weisse Rose (Rosa Branca).
Uma coisa desde logo fica bem evidente naquele filme: é que na altura em que Hitler estava no poder, ninguém punha em causa as suas decisões, a propaganda política foi muito bem planeada, de tal forma que no momento em que Sophie está a entregar os seus objectos pessoais à guarda ao mesmo tempo está a transmitir na rádio um discurso de Goebbels. E mais evidente que isso é que hoje em dia se diz que nenhum alemão sabia aquilo que se passava nos campos de concentração, mas a verdade é que o filme deixa patente que quando alguém punha à frente dos olhos a situação dos judeus, eles sabiam aquilo que se passava, ouviam falar, mas resistiam e não punham em causa nem questionavam a forma como Hitler governava, tal era o ambiente de repressão que se vivia na altura . O melhor é nem pensar...
Quando vão a tribunal é interessante ver que começavam as sessões com o já conhecido gesto da época nazi (“Heil Hitler”) e onde toda a assistência, constituída por soldados e guardas, corresponde e somente os três acusados mantêm os braços em baixo . Depois de um último interrogatório, Sophie, que é a última a ser interrogada, tenta deixar clara a ideia daquilo que eles defendiam deixando a assistência um pouco desequilibrada quanto àquilo que acabaram de ouvir, gerando sussurros. Nem mesmo a forma autoritária e antipática de falar do juiz conseguia convencer os presentes.
Por não ter acusado mais ninguém da sua organização, Sophie, tal como o seu irmão e o seu amigo são condenados à morte. Segue-se a despedida dos pais que mostram ter orgulho na filha e a própria mostra que não se arrepende de nada que fez e que voltaria a fazer o mesmo se fosse preciso . E assim é concretizada a sentença e os três morrem de forma muito dramática. O fim do filme é muito bem conseguido no que diz respeito à apresentação da última cena onde não existe imagem, somente o som da guilhotina (o ecrã está a preto).

Filme muito bem feito! É só o que posso dizer. Com ângulos de filmagem muito bem pensados, mas o essencial é o bom texto que foi escrito para este filme, onde os diálogos do interrogatório são o ponto máximo.
Este filme foi nomeado para Melhor Filme Estrangeiro. Embora não tenha ganho a estatueta, ganhou outros prémios importantes no Festival de Berlim como por exemplo o Urso de Prata para Melhor Actriz, Julia Jentsch, e também para Melhor Realizador, Marc Rothemund e outros em festivais europeus.
Aconselho vivamente este filme!

Tuesday, March 21, 2006

Crítica

EUROPA - Lars von Trier (1991)


Estamos em Outubro de 1945, Leopold Kessler (Jean-Marc Barr), um americano descendente de alemães parte para a Alemanha no momento que corresponde à Stunde Null (hora zero), os primeiros tempos após a capitulação da Alemanha e consequente fim da Segunda Guerra Mundial.
O seu destino leva-o até ao seu tio que trabalha numa companhia ferroviária - a Zentropa - que controla grande parte dos caminhos de ferro na Alemanha. É lá que ele vai trabalhar, numa carruagem-dormitório e é lá também que tudo acontece.
É neste comboio que ele conhece Katerina Hartmann, filha do dono da companhia ferroviária, e por quem se apaixona, mas mais tarde vem a descobrir que ela não é bem aquilo que ele pensava, ele confia nela, mas ela trai-lhe essa confiança. Aliás, ele apercebe-se de que desde que chegou àquele comboio, toda a gente o enganou.
Com o decorrer do filme vemos que aquele comboio é símbolo de progresso, progresso esse que se estava de novo a iniciar na Alemanha pós-guerra . O comboio aqui não é só visto como transporte de grande velocidade (para a época) e de transporte de pessoas e mercadorias, mas também um transporte de fuga contra o tempo, contra os momentos de repressão e sofrimento vividos nos campos de concentração.
O filme é uma constante corrida contra o tempo, contra o passado da Alemanha. A acrescentar a isto temos a marginalidade, as organizações secretas que operavam na Alemanha do pós guerra contra os americanos e mesmo contra os próprios alemães como é o caso da Werwolf (Lobisomem). Durante o dia aparentavam ser uma coisa e à noite agiam de forma completamente diferente e chamando à sua causa todo o tipo de pessoas que eles achassem ser capazes de colaborar com eles, inclusivé crianças. É neste meio que Leopold se envolve e ao mesmo tempo tem que controlar toda uma carruagem e atender todas as pessoas da alta sociedade que nela vão.
Ao longo de uma cena em que Leopold é chamado a ajudar numa outra carruagem, é possível ver uma desclassificação social ao longo de cada carruagem que ele passa . É aqui que chegamos a uma carruagem onde estão homens muito magros, ossudos, quase nus que nos remete logo para as imagens mais que divulgadas dos judeus e outros homens que eram levados em vagões para os campos de concentração .
Por isso assistimos ao suicídio de Lawrence Hartmann, pai de Katerina, pelo seu sentimento de culpa em ter andado a transportar judeus para a morte e, dum momento para o outro, quando os Aliados invadiram a Alemanha, ter transportado soldados americanos em 1ª Classe.
Todo o filme é “controlado”, seguido por um narrador hipnotizante, que vai contando o tempo e controlando tudo o que a personagem faz, é quase a voz da consciência da personagem, voz essa que pertence a Max von Sydow, celebrizado em filmes de Ingmar Bergman. É uma voz quente, por vezes um pouco tenebrosa que alcança os objectivos deste filme.

Filme espectacularmente bem feito, violento, sem grandes artifícios a não ser o contraste de cor e preto/branco que dá uma visão muito mais ampla das imagens, para além de uma série de premeditações do que mais tarde vem a acontecer no filme.
Este é o último filme de uma trilogia (“Forbrydelsens element”, 1984 e “Epidemic”, 1987), que pretende “assombrar” a Europa durante os próximos anos, por tudo o que aconteceu e para que obviamente não volte a acontecer. Por isso o nome ser tão sugestivo e no entanto o único país referido ser a Alemanha . Naquela época, a Alemanha tornou-se o centro da Europa, a Europa no seu todo pois controlava todo o continente dentro da sua política de repressão. E por isso um comboio que faz viagens de longa distância, para chegar a todos os cantos da "Europa".

Por tal obra prima, este filme ganhou dezasseis prémios dos dezoito para que estava nomeado, entre eles o prémio do júri de Cannes, a Palma d’Ouro, Melhor Realizador no Fantasporto e muitos outros de festivais internacionais.

Monday, March 20, 2006



1
Só esta liberdade nos concedem


Só esta liberdade nos concedem
Os deuses: submetermo-nos
Ao seu domínio por vontade nossa .
Mais vale assim fazermos
Porque só na ilusão da liberdade
A liberdade existe.

Nem outro jeito os deuses, sobre quem
O eterno fado pesa,
Usam para seu calmo e possuído
Convencimento antigo
De que é divina e livre a sua vida.

Nós imitando os deuses,
Tão pouco livres como eles no Olimpo,
Como quem pela areia
Ergue castelos para encher os olhos,
Ergamos a nossa vida
E os deuses saberão agradecer-nos
O sermos tão como eles.


2
Anjos ou deuses sempre nós tivemos


Anjos ou deuses sempre nós tivemos
A visão perturbada de que acima
De nós compelindo-nos
Agem outras presenças.

Como acima dos gados que há nos campos
O nosso esforço, que eles não compreendem,
Os coage e os obriga
E eles não nos percebem,

Nossa vontade e o nosso pensamento
São as mãos pelas quais outros nos guiam
Para onde eles querem
E nós não desejamos.




3
Não a ti, Cristo, odeio ou não te quero


Não a ti, Cristo, odeio ou menosprezo
Que aos outros deuses que te precederam
Na memória dos homens.
Nem mais nem menos és mas outro deus.

No Panteão faltavas. Pois que vieste
No Panteão o teu lugar ocupa,
Mas cuidando não procures
Usurpar o que aos outros é devido.

Teu vulto triste e comovido sobre
A ‘steril dor da humanidade antiga
Sim, nova pulcritude
Trouxe ao antigo Panteão incerto.

Mas que os teus crentes te não ergam sobre
Outros, antigos deuses que dataram
Por filhos de Saturno
De mais perto da origem igual das ciosas,

E melhores memórias recolheram
Do primitivo caos e da Noite
Onde os deuses não são
Mais do que estrelas súbditas do Fado.

Tu não és mais que um deus e mais no eterno
Não a ti, mas aos teus, odeio, Cristo.
Panteão que preside
À nossa vida incerta.

Nem maior nem menor que os novos deuses,
Tua sombria forma dolorida
Trouxe algo que faltava
Ao número dos divos.



Ricardo Reis, Odes

Thursday, March 16, 2006

Estreias

Semana de 16 a 22 de Março de 2006
The White Countess, de James Ivory
com Ralph Fiennes e Natasha Richardson
Shanghai, 1936, uma encruzilhada de intriga política, refugiados em fuga do tumulto, reunindo forças militares, negócios internacionais e cultura de submundo. Duas pessoas apanhadas no turbilhão, na sombra da invasão Japonesa, forjam uma ligação: Sofia, uma bela Condessa Russa (Natasha Richardson), forçada pelas circunstâncias a sustentar a sua família trabalhando num bar e como dançarina, e Jackson (Ralph Fiennes), um antigo diplomata devastado pela perda da sua família devido à violência politica e desiludido pela incapacidade do Mundo em alcançar a paz. A história desenrola-se à volta do elegante clube nocturno "The White Countess", criado pelo diplomata como escudo face ao caos e tragédia que os cercam. [ www.7arte.net ]
Mais um filme cujo tema está ligado à política para começar a nova época de cinema pós cerimónia dos oscares. Para juntar a isso, um fantástico Ralph Fiennes!
The Pink Panther, de Shawn Levy
com Steve Martin e Kevin Kline
Um famoso treinador de futebol foi morto e o seu valiosíssimo anel roubado - um anel ornamentado com um espantoso diamante conhecido como a Pantera Cor-de-Rosa. Como o caso se torna numa obsessão nacional, foi preciso chamar o infatigável Inspector Clouseau. Os seus processos podem ser alarmantemente pouco ortodoxos, mas ele consegue sempre resolver os crimes - à sua maneira - com resultados hilariantes. [ www.7arte.net ]
De volta a um dos policiais mais conhecidos que se alia à comédia para nos fazer passar uns bons bocados em frente ao ecrã. Para ajudar parece que tem um novo aspecto mais virado para o público dos meios musicais Pop e R&b que gosta de ver e ouvir Beyoncé Knowles.
Colour Me Kubrick, de Brian W. Cook
com John Malkovich
Durante meses, Alan Conway (John Malkovich), um perfeito estranho, faz-se passar por um dos maiores realizadores de todos os tempos: Stanley Kubrick. Conway não conhece nada nem do cineasta nem dos seus filmes, mas isso não o impede de usar e abusar da ingenuidade daqueles que julgam estar junto do realizador mítico e discreto. Hilariante, patético, inacreditável e portanto autêntico, aqui está a fascinante história do impostor, do génio e da celebridade... [ www.7arte.net ]
Mais um filme para a carreira do espectacular John Malkovich!
Tsotsi, de Gavin Hood
com Presley Chweneyagae
'Tsotsi' significa literalmente rufião ou 'gangster' na linguagem de rua da periferia das grandes cidades e guetos da África do Sul. O "Tsotsi" deste filme é um jovem negro de 19 anos que, vivendo na absoluta miséria, luta pela sobrevivência sem qualquer sentimento de compaixão por alguém. Mas um dia ele é forçado a confrontar-se com a sua brutal natureza e enfrentar as consequências das suas acções. [ www.7arte.net ]
O vencedor do oscar de melhor filme estrangeiro deste ano, de certeza, a não perder.

Wednesday, March 15, 2006

"Exactamente naquela noite enquanto estava deitada no meu futon com o quarto a andar à roda, resolvi ser como o pescador que hora atrás de hora apanha o peixe com a sua rede. Sempre que pensamentos sobre o Director subiam à tona vindos de dentro de mim, eu pescava-os cá para fora, e pescáva-os outra vez, e outra, até não sobrarem nenhuns. Teria sido um sistema inteligente, sem dúvida, se eu o tivesse conseguido fazer funcionar. Mas quando tinha nem que fosse um único pensamento sobre ele, nunca o conseguia apanhar antes que fugisse a correr, e me levasse exactamente para o local de onde tinha banido os meus pensamentos. Muitas vezes me obriguei a parar e dizia-me a mim própria: Não penses no Director, pensa antes em Nobu. E muito deliberadamente, imaginava-me a encontrar com Nobu algures em Quioto. Mas nesse momento qualquer coisa corria sempre mal. O local que eu fantasiava podia ter sido onde muitas vezes imaginara encontrar-me com o Director, por exemplo... e então, num instante, ficava mais uma vez perdida em penamentos sobre o Director.
Andei assim nisto durante semanas, a tentar reconstruir-me. Às vezes, quando por um momento ficava livre dos pensamentos sobre o Director, começava a sentir como se um poço se tivesse aberto dentro de mim. Não tinha apetite, nem quando a pequena Etsuko vinha à noite trazer-me uma taça de caldo de carne. As poucas vezes em que consegui concentrar-me claramente em Nobu, fiquei tão entorpecida que me parecia não sentir absolutamente nada.
Mas agora sei que o nosso mundo não é mais permanente do que uma onda a erguer-se no oceano. E quaisquer que sejam as nossas lutas e triunfos, como quer que os possamos sofrer, muito rapidamente se dissolvem todos numa aguada, como a tinta de pintar no papel."
"Memórias de uma Gueixa" - Arthur Golden

Thursday, March 09, 2006

Grande noite dos oscars: Comentário breve...

Peço desculpa pelo atraso neste post, o pc anda com uns problemas, mas lá consegui...

Quanto à grande noite, houve muitas surpresas, todas elas agradáveis. Para começar, o genérico do início do programa em formato digital com várias personagens de grandes clássicos foi muito bom (pela ordem em que apareceram: desde Judy Garland em “Feiticeiro de Oz“, os westerns, os famosos sabres de luz em “Star Wars” com Darth Vader, Marilyn Monroe, Clint Eastwood, Russel Crowe em “Gladiador”, “My Fair Lady”, Charlie Chaplin, “Moulin Rouge” com Nicole Kidman, “Homem Aranha”, Woody Allen, Hunphrey Bogart em “Casablanca”, “E Tudo o Vento Levou”, “Forrest Gump” com Tom Hanks, os “Incredibles” e o Super Homem entre muitos outros), todos eles rodeados pela cidade de Hollywood.
Depois veio um início muito engraçado em que quando se pretendia dar o nome do apresentador, nunca era aquele. Começou com Billy Crystal que estava muito ocupado dentro da tenda no meio da montanha Brokeback juntamente com Chris Rock; depois Steve Martin que preferia ficar com os filhos este ano para que eles não crescessem muito estranhos (do lado dele estão um rapaz e uma rapariga com o mesmo cabelo branco e penteado de Martin); põe-se a hipótese de Woopy Golberg - Oh, Hell, No!!! -; David Letterman também não podia porque ia ficar com os filhos de Steve Martin, para que eles não crescessem esquisitos (weird); depois Mel Gibson que surge num lugar inóspito com alguns nativos e a dizer uma série de coisas numa língua estranha só para dizer Não até que a única pessoa que parece restar é Jon Stewart.

Começa realmente o espectáculo e o seu discurso é bem convincente... Começa por cumprimentar o público: “Ladys, Gentelmen, Felicity...”
Depois gozou com os filmes de Spielberg: “Munich, Schindler’s List. I think I speak for all jews when I say «I can’t wait to see what happens to us next! Trilogy!!!”
Também Crash - Colisão é referido: “Raise your hand if you were not in Crash!”
Refere os remakes como “King Kong“, “A Guerra dos Mundos” e o “Walk the Line” (“is “Ray” with white people”).
Estas são só algumas das coisas que ele diz.

Agora os grandes vencedores da noite:

Melhor Actor Secundário - George Clooney, “Syriana”
Melhores Efeitos Especiais - “King Kong”, Joe Letteri, Brian van’t Hul, Christian Rivers, Richard Taylor
Melhor Filme de Animação - Wallace & Gromit in the Curse of the Were-Rabit” (Wallace & Gromit e a Maldição do Coelhomem) de Nick Park
Melhor Curta Metragem - “Six Shooter”, Martin McDonagh
Melhor Curta de Animação - “The Moon and the Son: na Imagined Conversation” de John Canemaker e Peggy Stern
Melhor Guarda-Roupa - “Memoirs of a Geisha” (Memórias de uma Gueixa), Colleen Atwood
Make-Up (melhor caracterização) - “The Chronicles of. Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe” (As Crónicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa)
Melhor Actriz Secundária - Rachel Weisz “The Constant Gardener” (“O Fiel Jardineiro”)
Melhor Curta em Documentário - “A Note of Triumph: The Golden Age of Norman Corwin”
Melhor Documentário - “March of the Penguins”, Luc Jacquet, Yves Darondeau
Melhor Direcção Artística - “Memoirs of. A Geisha” (Memórias de uma Gueixa)
Melhor Banda Sonora - “Brokeback Mountain” (O Segredo de Brokeback Mountain), Gustavo Santaolalla
Mistura de Som - “King Kong”, Christopher Boyes, Michael Semanick, Michael Hedges, Hammond Peek
Oscar Honorário - Robert Altman
Melhor Canção Original - “It´s Hard Out Here for a Pimp”, Jordan Houston, Cedric Coleman, Paul Beauregard - “Hustle and Flow”
Melhor Edição de Som - “King Kong”, Mike Hopkins, Ethan Van der Ryn
Melhor Filme Estrangeiro - “Tsotsi” - África do Sul
Melhor Edição - “Crash”, Hughes Winborne
Melhor Actor - Philip Seymour Hoffman, “Capote”
Melhor Actriz - Reese Witherspoon, “Walk the Line”
Melhor Argumento Adaptado - “Brokeback Mountain”, Larry McMurthy, Diana Ossana
Melhor Argumento Original - “Crash”, Paul Haggis, Bobby Moresco
Melhor Realizador - Ang Lee, “Brokeback Mountain”
Melhor Filme - “Crash” (Colisão), Paul Haggis, Cathy Schulman

Comentários à generalidade da cerimónia: Eu gostei bastante, acho que todos os prémios foram bem atribuídos, com mais ou menos gosto por aqueles que ganharam (já sabiam das minhas preferências) e achei que todo o espectáculo foi muito virado para um público mais jovem. As performances musicais, com uma série de novidades no fundo, os próprios vencedores como por exemplo o de melhor canção, um registo hip hop, muito virado para as novas gerações que levou Jon Stewart a fazer algumas piadas com a situação, desde que foram as pessoas mais entusiastas a receber um oscar (e realmente foram, quase de uma maneira completamente desorientada, nem sabiam o que estavam ali a fazer, não diziam coisa com coisa) e a aproveitar para fazer uma brincadeira como: “Martin Scorsese 0 oscars x Three Six Mafia 1”.
Pelo meio houve também alguns tributos e homenagens a grandes clássicos do cinema para além do In Memoriam onde se homenageiam aqueles que morreram o ano passado, entre eles Anne Bancroft e Pat Morita (celebrizado pelos “Karate Kid”).
Depois foi também evidente logo desde o início criticas à crise que houve este ano nas receitas das salas de cinema e isso ficou bem evidente no discurso do novo presidente da Academia que decidi transcrever uma parte aqui:

“By the way I bet you that none of the artists nominated tonight have ever finished to shot a movie and said «this gonna look great on a DVD» because there’s nothing like the experience of watching a movie in a dark theatre looking at images on a nion developing screen with sound coming from all directions and sharing the experience with total strangers... Brought by together by the story they’re seeing”

(*peço desculpa se algumas das palavras não estiverem correctas, tentei passar aquilo que ouvi e se nos casos em que tradizi alguma coisa não esteja inteiramente correcta)

Acho que este excerto diz tudo.
Entre mais piadas e até um acidente (a quase queda da actriz Jennifer Garner), foi uma noite muito bem passada e também uma cerimónia muito equilibrada, virada para os mais jovens (de forma talvez a atrair novos fãs que se queiram dirigir às salas de cinema para ver os filmes nomeados em vez de os “sacar” da net) e onde ganharam na maior parte das vezes aqueles que mereciam.

Friday, March 03, 2006

As grandes séries!!!



No passado dia 28 de Fevereiro deram dois grandes episódios de duas grandes séries. Primeiro CSI: Grave Danger, o último episódio da quinta série com duração de duas horas, especialmente criado pelo genial Quentin Tarantino; a outra foi o primeiro episódio da segunda série de Lost - Perdidos de J. J. Abrams.





No que respeita ao primeiro, tenho a dizer que foi de uma genialidade acima da média. Cada cena feita ao mínimo pormenor e com tudo a que uma investigação criminal tem direito: impressões digitais, sangue, ADN, etc etc.
A história é esta: Nick Stokes, criminalista do grupo csi, ao investigar uma cena de crime, é atacado e levado. Os seus colegas terão de investigar o seu paradeiro e conseguir descobrir onde ele está, visto ele ter sido enterrado dentro de um caixão tecnologicamente avançado onde os colegas o podiam ir vendo via net sem saber que cada vez que o tentavam fazer acendiam uma luz que uma vez ligada, desligava a ventoinha fazendo com que ele não pudesse respirar. E entre as situações dentro do caixão e as investigações no mundo cá de cima a história vai correndo...
Mas aquilo que mais sobressaiu neste episódio de duas horas foi todas as marcas do seu autor. Desde a divisão em 1º e 2º volumes (tal como em “Kill Bill“); a música que Nick Stokes ouve no seu carro enquanto se dirige ao local de um crime; um cowboy-advogado com jeitos bruscos; até à melhor cena de todas, já lá mais para o final, onde Nick, supostamente morto e deitado na marquesa da morgue, observa os dois médicos legistas a abrirem-no e a analisá-lo, mesmo o pai dele a perguntar o que se passava e o médico a atirar uma das costelas para trás das costas como se aquilo não tivesse qualquer importância. E toda esta cena a preto e branco, como se fosse um sonho, ou mesmo um morto a observar a sua autópsia (isto porque nós vemos quase tudo do plano dos olhos de Nick).
Todo o episódio está extremamente bem feito, todas as pistas muito bem idealizadas, cenas altamente cómicas, palavras que ficam por dizer, ou talvez mais, concretamente, por perceber pelo espectador (aquilo que Nick diz a Grissom na gravação que só ele percebe ao ler nos seus lábios) e também narrativas abertas (o pedido de Nick à filha do homem que o enterrrou vivo para que ela, quando sair da prisão, não traga com ela o rancor do pai).
Engraçado é, que na luta por descobrir o local onde Nick está enterrado, são os belos insectos de Grissom que desvendam o mistério.
Não podia ser um episódio melhor para terminar aquela série.


Quanto a Lost - Perdidos, algumas questões foram solucionadas, mas muitas outras surgiram. Logo no primeiro episódio ficamos a saber que aquela escotilha alberga um homem (que estranhamente se levanta da cama de cima de um beliche, a cama de baixo está desocupada ... quem a usa? Ou usaria??), para além disso, sabe-se que quem quer que aquela pessoa seja, ou aqueles “outros” sejam, estão sobre quarentena (quarentena? De que doença? Será de uma doença?) e três dos habitantes daquela ilha entram naquele seu espaço secreto. Coincidência ou não, parece que Jack conhece o habitante daquela escotilha, cruzou-se uma vez na sua vida num momento em que ele estava céptico em relação aos conhecimentos científicos que possuía (por isso se confrontam aqui o man of science e o man of faith só no interior de Jack e depois Jack com Locke nas decisões que devem tomar). Mas quem é aquele homem? O que pretende? Será que a queda do avião só se deve a uma pessoa?
Que mais coisas esconde aquela ilha?
Tudo questões por responder...


Série espectacular onde o mistério, a dúvida, a expectativa e o medo fazem uma mistura bombástica . Posso dizer que de J.J. Abrams podemos esperar tudo, veja-se o caso de Vingadora, todos os episódios surge algo novo.
São duas séries a seguir de perto...

Vício de ti

Amigos como sempre
Dúvidas daqui pra frente
Sobre os seus propósitos
é difícil não questionar.
Canto do telhado para toda a gente ouvir
os gatos dos vizinhos gostam de assistir.

Enquanto a música não me acalmar
Não vou descer, não vou enfrentar
O meu vício de ti não vai passar
e não percebo porque não esmorece
ao que parece o meu corpo não se esquece.

Não me esqueci, não antevi, não adormeci o meu vício de ti (2x)

Levei-te à cidade, mostrei-te ruas e pontes
Sem receios atraí-te às minhas fontes
Por inspiração passamos onde mais ninguém passou
Ali algures algo entre nós se revelou.

Enquanto a música não me acalmar
Não vou descer, não vou enfrentar
O meu vício de ti não vai passar
e não percebo porque não esmorece
Será melhor deixar andar
Será melhor deixar andar

Não me esqueci, não antevi, não adormeci o meu vício de ti (3x)

Eu canto a sós pra cidade ouvir
e entre nós há promessas por cumprir
mas sei que nada vai mudar
O meu vício de ti não vai passar, não vai passar...


»»Vício de ti - Mesa

Thursday, March 02, 2006

Estreias

BOA NOITE, E BOA SORTE
Good Night, and Good Luck
de George Clooneycom
David Strathairn e Robert Downey Jr.
A acção decorre nos primórdios do jornalismo televisivo, na América dos anos 50 (do século passado), retratando o conflito verídico entre Edward R. Murrow, um pivot pioneiro, o Senador Joseph McCarthy e a Comissão do Senado das Actividades Anti-Americanas. Graças à sua vontade de comunicar os factos e esclarecer o público, o inovador Murrow, e a sua dedicada equipa desafiam pressões da empresa e dos patrocinadores para analisar as mentiras e as tácticas rasteiras perpetradas por McCarthy durante a sua "caça às bruxas" aos comunistas. [ www.7arte.net ]
O último dos filmes nomeados para os oscares e um potencial vencedor que poderá fazer com que mais filmes de cariz político venham à superfície.
Coisa Ruim
de Tiago Guedes
com Adriano Luz e Manuela Couto
Uma família lisboeta recebe como herança uma casa numa pequena aldeia do interior. Com a casa, diz o povo, vem também uma maldição... [ www.7arte.net ]
O filme português que este ano abriu o grande Fantasporto. Escrito pelo pivot do Jornal da Noite da SIC, Rodrigo Guedes de Carvalho, é aparentemente uma história simples, mas por sinal muito bem escrita. Nem que seja por curiosidade (visto o estigma aos filmes portugueses ainda sobreviver no meio da sociedade), acho que vale a pena ir ver.
North Country
de Niki Caro
com Charlize Theron e Frances McDormand
Quando Josey Aimes retorna à sua cidade natal no Minnesota após um casamento falhado, necessita de um bom emprego. Ela está sozinha e tem a seu cargo dois filhos. A única hipótese são as minas de ferro, uma indústria dominada por homens que não está acostumada a mudanças. Josey está preparada para o trabalho duro e até perigoso, mas não tanto para lidar com a perseguição e maus tratos que ela e as outras mulheres recebem dos seus colegas homens... [ www.7arte.net ]
O filme que permitiu a segunda nomeação a Charlize Theron passados dois anos de o ter ganho por "Monstro".
Big Momma's House 2
de John Whitesellcom
Martin Lawrence e Elton LeBlanc

Malcolm Turner, agente do FBI e mestre do disfarce, está de volta, desta vez, para evitar um desastre na segurança social, disfarça-se de uma multifacetada super ama, conseguindo infiltrar-se na casa de um dos suspeitos. É um trabalho demasiado grande para qualquer um, excepto para o Agente Disfarçado... [ www.7arte.net ]