What's wrong with my tongue/ These words keep slipping away/ I stutter I stumble/ Like I've got nothing to say/ I'm feeling nervous/ Trying to be so perfect (Avril Lavigne)

Thursday, March 23, 2006

Crítica

Sophie Scholl - Die Letzten Tage, Marc Rothemund (2005)



Numa acção de distribuição de panfletos contra a ditadura nazi em Fevereiro de 1943, a jovem estudante Sophie Scholl é presa na Universidade de Munique, junto com o irmão Hans. Os interrogatórios da Gestapo tornam-se verdadeiros duelos psicológicos entre a lutadora da resistência e o funcionário nazi. Sophie confessa, defendendo com a sua confissão os outros membros da organização Weisse Rose (Rosa Branca). Ela não abdica das suas convicções mesmo quando lhe é dada a possibilidade de, com isso, salvar a sua vida ...

Um filme que critica todo o processo de captura e interrogatórios perpetrados pela Gestapo, a polícia política do governo nazi, e a própria Justiça que se aplicava naqueles tempos. Sophie Magdalena Scholl (Julia Jentsch) é uma estudante universitária que juntamente com o seu irmão Hans Scholl (Fabian Hinrichs) são apanhados numa universidade a espalhar panfletos a criticar a ditadura nazi. De seguida todo o filme é visto da parte de Sophie. Todo o interrogatório feito por um inspector da Gestapo, que é sem dúvida aquilo que ocupa a maior parte do filme, os cerca de quatro dias, se não estou enganada, em que lhe são feitas variadas perguntas e quase lhe é feita uma lavagem ao cérebro na qual ela nunca cai. Ela é uma rapariga resistente, determinada, que não se deixa enganar e com as suas próprias ideias, de tal maneira que ela consegue “dobrar” o inspector com o seu fantástico poder de argumentação . O inspector começa a sentir alguma consideração por ela e pede-lhe para que ela acuse quem estava ligado àquela organização de forma a conseguir uma pena menor, mas ela continua sempre a acusar-se a ela própria e a proteger os outros da organização Weisse Rose (Rosa Branca).
Uma coisa desde logo fica bem evidente naquele filme: é que na altura em que Hitler estava no poder, ninguém punha em causa as suas decisões, a propaganda política foi muito bem planeada, de tal forma que no momento em que Sophie está a entregar os seus objectos pessoais à guarda ao mesmo tempo está a transmitir na rádio um discurso de Goebbels. E mais evidente que isso é que hoje em dia se diz que nenhum alemão sabia aquilo que se passava nos campos de concentração, mas a verdade é que o filme deixa patente que quando alguém punha à frente dos olhos a situação dos judeus, eles sabiam aquilo que se passava, ouviam falar, mas resistiam e não punham em causa nem questionavam a forma como Hitler governava, tal era o ambiente de repressão que se vivia na altura . O melhor é nem pensar...
Quando vão a tribunal é interessante ver que começavam as sessões com o já conhecido gesto da época nazi (“Heil Hitler”) e onde toda a assistência, constituída por soldados e guardas, corresponde e somente os três acusados mantêm os braços em baixo . Depois de um último interrogatório, Sophie, que é a última a ser interrogada, tenta deixar clara a ideia daquilo que eles defendiam deixando a assistência um pouco desequilibrada quanto àquilo que acabaram de ouvir, gerando sussurros. Nem mesmo a forma autoritária e antipática de falar do juiz conseguia convencer os presentes.
Por não ter acusado mais ninguém da sua organização, Sophie, tal como o seu irmão e o seu amigo são condenados à morte. Segue-se a despedida dos pais que mostram ter orgulho na filha e a própria mostra que não se arrepende de nada que fez e que voltaria a fazer o mesmo se fosse preciso . E assim é concretizada a sentença e os três morrem de forma muito dramática. O fim do filme é muito bem conseguido no que diz respeito à apresentação da última cena onde não existe imagem, somente o som da guilhotina (o ecrã está a preto).

Filme muito bem feito! É só o que posso dizer. Com ângulos de filmagem muito bem pensados, mas o essencial é o bom texto que foi escrito para este filme, onde os diálogos do interrogatório são o ponto máximo.
Este filme foi nomeado para Melhor Filme Estrangeiro. Embora não tenha ganho a estatueta, ganhou outros prémios importantes no Festival de Berlim como por exemplo o Urso de Prata para Melhor Actriz, Julia Jentsch, e também para Melhor Realizador, Marc Rothemund e outros em festivais europeus.
Aconselho vivamente este filme!

1 Comments:

Blogger Sílvia S. said...

A ideia de deixar o écran a preto aquando da execução confere uma intensidade dramática incrível. Srª Este-é-o-melhor-post-que-escrevi ;) talvez seja, sem desmerecimento dos outros :)
Gostava de ter visto, mas legendas em alemão para mim era a morte do artista =/.
Um dia vejo, seguramente.
[Que sincronia...The White Rose Movement (só não estavamos a falar da mm coisa :P)]*

9:41 PM

 

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