What's wrong with my tongue/ These words keep slipping away/ I stutter I stumble/ Like I've got nothing to say/ I'm feeling nervous/ Trying to be so perfect (Avril Lavigne)

Friday, May 05, 2006

Crítica: Teatro
A Gaivota, de Anton Tchekov
A dois dias do fim da apresentação desta peça na Companhia de Teatro da Cornucópia, decidi exprimir aqui aquilo que senti ao assistir a esta representação.
Primeiro há que dizer que jamais conheci a peça, o suporte textual de Tchekov. Fui na ignorância.
Esta é "uma história quase sem acção, como a vida de toda a gente, que nos mostra um grupo de pessoas numa quinta da Rússia do fim do século XIX. Em cena estão personagens que, em cima de um palco, são pessoas como nós, todos insatisfeitos, e alguns artistas, esses desesperados na sua necessidade de prender a vida com a arte, os quatro insatisfeitos também porque o não sabem fazer, todos pensando que se o fizerem viverão melhor. São tontos, estas duas actrizes, estes dois escritores. Não sabem que a arte não substitui a vida." (citando Luis miguel Cintra, encenador).
É verdade, a arte não substitui a vida, mas mesmo por isso, aquilo que a peça mostra são pessoas frustradas, tal como qualquer ser humano que se sente diminuido por não conseguir alcançar a obra perfeita. E quando se é criticado pelo que se faz (Kostia, aspirante a dramaturgo, é criticado pela mãe, Irina, uma actriz), a situação pode gerar conflitos maiores com a família ou com o nosso próprio eu.
Peça excelentemente bem encenada, representada na íntegra e com um cuidado a invejar por muitos futuros encenadores. A preocupação com cada actor é nitida quando olhamos em volta duma cena em que estão todos em palco e nenhum está ali à espera que o colega diga as suas falas para intervir, cada um vive a personagem do príncipio ao fim; Os cenários são outro aspecto muito bem conseguido. Tudo feito ao mais pequeno pormenor.
Não sei se foi do meu fascínio pelo que estava a ver ou não, mas a realidade é que não encontrei erros alguns durante as cerca de 3 horas que a peça levou. Aviso que são três horas que passam muito rápido, infelizmente.
Excelentes actores, com muito boas vozes, inclusive estando de costas para os espectadores lhes é possível arrancar as palavras ao longe...
Como já se deve ter notado, é óbvio que adorei a peça e que prometo lá voltar quando uma nova subir ao palco da Cornucópia.

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