Teatro
- César -
Distanciamento de César
Espectáculo baseado na obra A Tragédia de Júlio César de Shakespeare sobre o golpe de estado perpetrado por Cássio e Bruto contra César em frente ao Senado de Roma.
A peça, adaptação de um esboço de tradução de Luís Lima Barreto, mostra o lado revolucionário daqueles que não concordavam com o novo Imperador. Neste caso concreto, a peça constitui-se de quatro actos, separados entre si com música e projecções de luz num painel branco.
Inerentes ao texto estão inúmeras referências a revoluções, palavras que nos remetem para outros contextos e outras alturas da história. Talvez por essa razão exista uma intemporalidade no texto. No entanto, não deixa de ser visível um certo modo de se expressar que pouco tem a ver com o nosso tempo, o que faz com que o que está ali a ser representado crie um certo distanciamento com aqueles que ali o presenciam. Se por um lado nos remete para outros momentos da nossa história aproximando-nos, por outro o seu discurso traz pouca actualidade às palavras proferidas afastando-nos assim de uma realidade que ali se desenrola e que poderia ser a dos nossos dias.
Para isso também contribui o cenário cujos elementos mostram uma circularidade fechando assim a possibilidade de “entrada”, participação do público e sendo ainda reforçada pelos quatro cantos elevados do espaço delimitado como espaço cénico.
Outro apontamento interessante nesse distanciamento é a visibilidade daquilo que usualmente se faz nos bastidores. Os actores trocam os seus figurinos muitas vezes aos olhos do público (excepto raras vezes em que estamos perante um fade-out na mudança de acto ou quando a luz incide somente sobre um actor deixando todo o outro espaço na escuridão e assim não sendo visível essa mudança.
No que diz respeito aos figurinos, são roupas do nosso quotidiano sendo que as cores que chamam mais à atenção são o vermelho do casaco de Cássio, interpretado por uma actriz, revelando assim o seu lado mais carniceiro e sanguinário, de quem planeia a morte de outro; e o negro presente nos figurinos de Júlio César, Marco António e Bruto mostrando provavelmente personagens de uma outra índole, como é o caso de Marco António e a sua fidelidade para com César mesmo quando mais tarde se junta aos que o mataram mas no funeral de César faz uso das palavras para mostrar ao povo quem realmente era César e levando os outros ao arrependimento. Somente Bruto, por ser o assassino de César possui um cachecol vermelho com o qual cobre as mãos e a cabeça como símbolo de mãos cobertas de sangue pelo crime cometido.
O espectáculo pareceu-me superficial, muito também devido às personagens pouco modeladas e à representação muitas vezes pouco sentida por parte dos actores, não provocando qualquer espécie de sentimento no espectador.
Além disso, algo que talvez tenha sido interessante foi uma alteração na história desenvolvida por Shakespeare dando-lhe uma nova ordem e uma nova forma de entendimento que só se completa com o fim da peça.
Até 7 de Janeiro de 2007
Teatro do Bairro Alto, Lisboa
3ª a sábado às 21:30 e domingos às 17:00
Não se realizam espectáculos nos dias 23 e 24 de Dezembro
Espectáculo baseado na obra A Tragédia de Júlio César de Shakespeare sobre o golpe de estado perpetrado por Cássio e Bruto contra César em frente ao Senado de Roma.
A peça, adaptação de um esboço de tradução de Luís Lima Barreto, mostra o lado revolucionário daqueles que não concordavam com o novo Imperador. Neste caso concreto, a peça constitui-se de quatro actos, separados entre si com música e projecções de luz num painel branco.
Inerentes ao texto estão inúmeras referências a revoluções, palavras que nos remetem para outros contextos e outras alturas da história. Talvez por essa razão exista uma intemporalidade no texto. No entanto, não deixa de ser visível um certo modo de se expressar que pouco tem a ver com o nosso tempo, o que faz com que o que está ali a ser representado crie um certo distanciamento com aqueles que ali o presenciam. Se por um lado nos remete para outros momentos da nossa história aproximando-nos, por outro o seu discurso traz pouca actualidade às palavras proferidas afastando-nos assim de uma realidade que ali se desenrola e que poderia ser a dos nossos dias.
Para isso também contribui o cenário cujos elementos mostram uma circularidade fechando assim a possibilidade de “entrada”, participação do público e sendo ainda reforçada pelos quatro cantos elevados do espaço delimitado como espaço cénico.
Outro apontamento interessante nesse distanciamento é a visibilidade daquilo que usualmente se faz nos bastidores. Os actores trocam os seus figurinos muitas vezes aos olhos do público (excepto raras vezes em que estamos perante um fade-out na mudança de acto ou quando a luz incide somente sobre um actor deixando todo o outro espaço na escuridão e assim não sendo visível essa mudança.
No que diz respeito aos figurinos, são roupas do nosso quotidiano sendo que as cores que chamam mais à atenção são o vermelho do casaco de Cássio, interpretado por uma actriz, revelando assim o seu lado mais carniceiro e sanguinário, de quem planeia a morte de outro; e o negro presente nos figurinos de Júlio César, Marco António e Bruto mostrando provavelmente personagens de uma outra índole, como é o caso de Marco António e a sua fidelidade para com César mesmo quando mais tarde se junta aos que o mataram mas no funeral de César faz uso das palavras para mostrar ao povo quem realmente era César e levando os outros ao arrependimento. Somente Bruto, por ser o assassino de César possui um cachecol vermelho com o qual cobre as mãos e a cabeça como símbolo de mãos cobertas de sangue pelo crime cometido.
O espectáculo pareceu-me superficial, muito também devido às personagens pouco modeladas e à representação muitas vezes pouco sentida por parte dos actores, não provocando qualquer espécie de sentimento no espectador.
Além disso, algo que talvez tenha sido interessante foi uma alteração na história desenvolvida por Shakespeare dando-lhe uma nova ordem e uma nova forma de entendimento que só se completa com o fim da peça.
Até 7 de Janeiro de 2007
Teatro do Bairro Alto, Lisboa
3ª a sábado às 21:30 e domingos às 17:00
Não se realizam espectáculos nos dias 23 e 24 de Dezembro
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